E a esperança?










E a esperança?
Raquel Teixeira de Freitas
Às vezes, cansada de tanto esperar que algo aconteça, ou que mude para melhor, me pego perguntando se existe mais alguma coisa que eu deva fazer. Sei que a gente não deve desistir de lutar pelos nossos sonhos. Mas o que acontece quando a esperança se esvai?
Paro para pensar e percebo que tudo o que podia, já fiz, até mais do que era necessário. Será que foi esse meu erro? Sonhar e lutar por excesso?
Não sei se estou me enganando em meio a tantos pensamentos que me correm à cabeça, mas será que eu pequei em querer mudar um pouco o rumo de minha trajetória? Ora, saí de um emprego que não me rendeu mais que stress e escravidão, não que tenha sido opção minha, mas se hoje estou aqui, sei que é porque Deus não queria que eu perdesse mais tempo onde eu não era feliz, e com certeza, estava me reservando algo bem melhor, que condissesse com o que sou, com o que tenho a fazer. Sei que tenho de fazer algo, e sei o que é Mas não consigo. Não consigo.
Como qualquer outra pessoa, tenho um sonho. Tudo bem. Percebi um pouco atrasada, mas, sempre acreditei que nunca é tarde para nada, até que se tenha feito tudo. Não sou um exemplo a ser seguido, nem tampouco quero me fazer de vítima da vida injusta que levo. Sei que as pessoas têm oportunidades diferentes uma das outras, que o mundo está em movimento, portanto nada está acabado, e que nenhuma verdade é verdade, sem que se tenha provado a mentira. Mas, se a esperança, que é o que nos faz seguir em frente, acabar, o que sobra? Melancolia? Tristeza? Incapacidade? Ou simplesmente, o sentimento de ao menos ter lutado?
Não consigo me ver satisfeita com isso, com esta situação! Tenho medo de que esta esperança, fonte que nutre a minha vontade de continuar, se esvaia. Mas, já tentei por tantos modos chegar lá, e até agora, tudo o que vejo são obstáculos, e mais obstáculos pelo caminho. Várias negativas, várias desistências. Sim, desistências, afinal, quando não conseguimos de uma forma, temos de desistir de prossegui-la e tentar novas formas de chegar onde se quer. Mas não consigo me ver livre deste tormento que me invade por ainda não ter conseguido realizar este sonho que me segue por todos esses anos.
Tenho me virado como pude, mas o tempo está se perdendo em todas as tentativas que tive. Vai passando o tempo, e o desespero começa a bater à porta. E sei que este mesmo tempo que se passa por mim, calmo, devagar, é o mesmo tempo que se esvai, que passa, calmo, devagar, levando consigo o que sobrou da minha esperança
Tenho medo de terminar esta vida, sem ter levado comigo a felicidade da realização de ensinar alguém a ser um alguém, lecionar, pois este é o meu sonho, ser professora.
Enquanto muitas pessoas estão atrás de um mero diploma, estou atrás de uma realização profissional. É engraçado, e ao mesmo tempo injusto, pensar que existam pessoas que se interessam tanto com questões materiais e têm tudo o que querem com um estalar de dedos, enquanto eu estou aqui, querendo algo verdadeiro, real, e não consigo porque me faltam oportunidades, me faltam contatos e me sobra esperança.
Por isso me preocupo com o dia em que toda essa esperança acabar. Sim, porque haverá um dia que não terei mais forças para continuar, a menos que alguém me dê, o que espero conseguir dar às crianças um dia:
OPORTUNIDADES DE TER UM FUTURO MELHOR! Porque eu sinto e sei, que sou capaz disso.